quinta-feira, 23 de maio de 2019

Caverna de Adulão


     


     E é trancado no escuro do meu quarto, que construo e encontro minha caverna de Adulão. Porem ali não há mais quatrocentos como eu e além disso eu não sou rei. É apenas breu, minha caverna e eu, buscando a presença de um Deus invisível, de um Deus que antes já ouvi falar, um Deus que antes já senti, um Deus invisível, porem real e presente, mas que nesse momento não esta ao meu alcance por culpa de uma distância que eu mesmo inventei.

    E é nesse momento do dia que eu abandono no espaço as lágrimas mais pesadas, no silêncio extremo do ambiente quase é possível ouvir cada gota se espalhar no chão. Como fosse uma gota de água que se solta do teto da caverna e se lança ao solo.

    Nesse momento não possuo voz, apenas um pranto constante e intenso, uma angustia e uma dor incessante. Esse é o único momento do dia que eu consigo me apartar de tudo que me causa essa dolorosa angustia, e já estando quase vazia minha mente me resta apenas uma pergunta que se repete no mesmo ritmo que acontecem os soluços do meu pranto, e em pensamento me pergunto desesperadamente "Cadê o Deus eu deixei aqui?".